sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Título


A vida é feita de um título e uma pintura... Um título e uma poesia... Um título e um texto... Um título e um filme...
A vida é tão lotada de títulos! E capítulos, e livros de diferentes épocas.
Eu sinto a nostalgia principalmente nas cores e nos cheiros. É quando eu lembro de tempos que se passaram... Lembro dos risos e até dos choros. Como pudemos dar tanta importância à coisas tão desmerecedoras de importância? Mas é, nunca saberíamos como é sentir como aquilo não era importante se não tivéssemos dado tanta importância assim.
Sinto minha vida tão parada agora... Acho que meu título seria se não "estagnada", "tranquila". Não sei, mas me sinto um pássaro na árvore do meu quintal: sem preocupações, calmo e com energia pra cantar! Sem toda aquela necessidade de voar, pois não há do que fugir. O que é, é e pronto! Nada pode mudar isso.
Daí é quando eu olho pra frente, com meus olhinhos de passarinho, e sinto uma saudade enorme do que nunca foi e nunca será... Pessoas, objetos, lugares, situações, tanta coisa junta! Eu nunca dei muita importância às coisas que fiz ou disse ou pensei ou quis ou tive, mas a partir do momento em que nada poderia voltar ao que era eu percebi quão importantes são as coisas, mesmo que pequenas. Por que além dos títulos há as situações, que é o que eles englobam!
E voltamos ao ponto de partida, títulos e o quanto eles me intrigam! Talvez se as pessoas olhassem com olhares menos críticos e nos julgassem menos, nós poderíamos ter sido mais felizes sem o medo dos olhares de inveja... E talvez sem tudo isso não existissem os títulos, tão necessários e precisos no seu lugar, colocando ordem em todas as coisas.
E se a gente pudesse descobrir sem precisar dos títulos e essa frescura toda de ordem e cronologia, como se fôssemos bebês estreando o mundo e os sentidos?
Nunca saberemos, pois demos importância demais aos títulos e agora, mais do que nunca, é preciso ter a serenidade de estar em paz consigo para respirar e enfrentar o mundo, sem dar a devida importância e sem dar bola de que o estamos enfrentando. Quem sabe tomar um banho quente, deitar na minha cama e despertar num sonho de nuvem não ajudem a começar?! Para acordar amanhã na ressaca de noite perdida, levantar com o pé direito, dando bom dia aos céus, e entitular meu dia com algo de cores e perfumes, para que eu me invada daquela saudade estranha que me faz cantar que nem passarinho de bico bem aberto, ganhando o céu na plenitude.

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