sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

saudade

havia a esperança de uma vida translúcida
(como o mar sob o sol de manhã cedinho)
mas minha alma ansiava mais do que o tempo podia me oferecer
anoiteci, amanheci, adormeci e despertei: incompleta
(como um conjunto de copos em que um quebrou)
a falta é coisa que preenche de vazio que dói
e não há remédio que cure essa dor

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Sobre estar só

O céu claro azul turquesa
Da janela gradeada
É quadro em constante mutação
Uma nuvem passa em dois minutos
Dois pássaros enamorados
Contra o vento, lá no alto
A vida acontece enquanto eu observo
Num estado de profunda tristeza

Submersos pensamentos vêm boiar na superfície
Dos meus olhos marejados
E eu tão imergida nesse mar de lágrimas
Para não morrer afogada, viro sereia
Deixo de existir e nado sem rumo
Cantando tristes canções à deriva da vida...

sexta-feira, 19 de abril de 2013

03h15

olhos delineados
boca rosada de coração
beijo tua pálpebra
pra guardar os sonhos
boca a boca
madrugada adentro

terça-feira, 19 de março de 2013

Insolação

Nos dias de sol
Corro pra dentro de mim
Logo me torno fria e instável
Sem o desejo clichê daquela coisa física
Meu corpo pede alma, cuidado, atenção e olhares carinhosos
Nos dias de sol
Existem tantas possibilidades
Mas eu me fecho aqui
E talvez assim seja também nos dias de chuva
Principalmente por haver uma desculpa
Talvez falte a alma da coisa
O céu ta massa
O céu azul de nuvens lindas
Daria um belo edredom pro meu colchão
Nos dias de sol
Planejo tudo
E tudo é lindo no papel
E tudo ideal é lindo mesmo
Mas a noite vai chegando
De noite tudo são sonhos
À noite brilham os corpos
À noite buscamos o calor que tínhamos ao dia e não queríamos
À noite é tenra a idade
À noite não somos os mesmos
Mas voltando aos dias de sol
Que são tão ideais, limpos, azuis
Me jogo num mar ou numa piscina
Onde todas as cores desbotam
Mas esse calor me faz sentir cansada e burra...
Talvez tudo isso tenha surgido a partir de hoje
Um belo dia de sol de tantas possibilidades
Talvez sejam as lembranças
De como eram os dias de sol antes de chegar o dia de hoje
Talvez sejam as risadas ecoando
Por todas as partes de mim
Talvez seja o cheiro de alguém
Talvez sejam as borboletas no estômago só de imaginar...
Talvez esse dia tão lindo de sol
Seja só saudade de outros dias
Sol, chuva, noite, dia
Não importava...
Meu corpo grita alma
Minha alma grita você
Nos dias de sol...

Em suma...

Éramos amores em tempos diferentes.

Éramos só uma questão de tempo.

Éramos entrelaçados
Mas éramos também tropeços no cadarço solto.
E ao mesmo tempo em que éramos um nó cego,
Éramos um laço de fita

Éramos iguais,
Mas também éramos diferentes.

Éramos um plano que não deu certo.

Nós éramos mais tesão que ternura.

Éramos um filho indesejado.

Éramos dois,
Mas éramos sós.

Éramos outros.

Éramos o solvente e o insolúvel
Na inútil tentativa de se misturar.

Éramos só uma questão de tempo.

Éramos só uma questão de sermos.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

de lua

o primeiro dia foi de sol nascente
o segundo dia foi de sol poente
e desde então os astros iluminam
nossas almas que se reviram felizes
em nossos corpos que se remexem contentes
desnudos ou quase
na cama, no chão
na sala, na praia
num automotor qualquer
nossos rostos lânguidos de amor
amor tão estranho
que não foi descontinuado pra continuar
amor feito de reticências incertas
mas o que importa é que é amor
e é puro de sinceridade
não sabemos o que queremos
nem aonde chegaremos
isso quem diz é a lua mais tarde
pois que agora estarmos juntos basta

sábado, 18 de agosto de 2012

sobre um sonho



ela me olha
com aqueles olhos
carregados de sentimentos
a me decifrar
sou enigma
mais que um olhar
ela entra em mim
eu a sinto pelo meu corpo
a indagar
me desvendando
como se eu fosse mistério
me descobrindo
como se eu fosse agora

quinta-feira, 28 de junho de 2012

da Chuva

Chove lá fora, transborda
Chove na imaginação, metafísica
Chovem os olhos dos corpos insones
Chove as dores de tantos amores
Chove e é rio, é mar
Chove, é São João: apaga fogueira
Chove e não apaga fogo do coração
Chuva é vida:
Chove no amor, semente germina
Chuva é morte:
Chove e desaba: barreira, mundo...
Chove, encharca
Todos somos inundação
Chove de noite, dia amanhece
Chove, clareia o céu, a alma e o coração.

domingo, 3 de junho de 2012

Do Amor II

Por ser, o amor não promete
Inunda a alma da gente
Mesmo que não faça sentido algum
Amor é qualquer coisa
Qualquer coisa de espanto e admiração
É um estranho na rua, uma fotografia
Amor é sinônimo de suspiros
De borboletas no estômago
De cegueira e surdez
O amor nos tira a fala
O amor prega peças
Afinal de contas, amar é arte
Barulho de chuva, olhos fechados...
O pensamento voa quando a gente ama
A gente vive mais, a gente sorri mais
Amar é cuidado
Por morar no coração do outro.
Amor é corpo e alma
Amor é o colorido que contenta a alma
Amor dá e passa, amor vem e vai
Mas o amor também permanece
A morte que me perdoe,
Mas o amor é a única certeza da vida.

sábado, 7 de abril de 2012

Do Amor

O amor é um beco sem saída
A saída pro amor é sempre o amor e pronto.
Doença contagiosa incurável
Doença que mata e enlouquece
ou simplesmente amor
Pra quem já aprendeu a conviver com ele.
É problema, mas também solução.
Amor é tudo, está em tudo
está até no desamor...
O amor é uma faca afiada de dois gumes
apunhalando corações desesperados por aí.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

As Palavras

Escrevem, descrevem, prescrevem, explicam, complicam e implicam...
O que vale mais são os emaranhados de sentimentos que temos dentro de nós.
Quando permitimos que outro entre, olhos de espelho, ele pode se perder no prazer de respirar pela floresta oxigenada nos alvéolos pulmonares, se jogar numa cachoeira vermelha de sentimentos dentro de um coração de labirintos, sentir o êxtase de ser uma glândula sudorípara, mas sempre encontrará o caminho de volta pelos poros, como num arrepio. Há tantos processos envolvidos num só sentimento, que palavras não descreveriam.
As palavras às vezes falam demais e nada dizem. As palavras se contradizem. As palavras ferem, como navalhas. Mas também curam. As palavras nunca serão tão bem empregadas quanto um olhar ou um sorriso. Uma feição vale mais. As palavras saem sem querer, e quando vimos já dissemos... Apesar de todo o sentimentalismo que existe por trás das palavras, apesar de todo sentimentalismo ser mais que meras palavras, apesar de ser sentimentalismo não é doença. Apesar de tudo, é melhor dizê-las, do que se arrepender de não tê-las dito.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Birdie



Sobre todos os arrepios
(Tinha que falar de amor primeiro
Por que amor sempre vem primeiro)
Quando é amor a gente se esbanja
Quando não é...
A gente se esbanja também.
Sendo que é diferente
O que a gente sente quando a gente sente.
Arrepio de sopro de vento, é frio
Arrepio de sopro no cangote, é quente
Arrepio de medo, gela a alma
Arrepio de felicidade são os sorrisos
Que a gente não pode sorrir por já estar sorrindo
Saindo pelos poros e pelos da gente!
Arrepio de tristeza
é lágrima, soluço e aperto...
É gritar pra se libertar de tudo
Arrepio de morte é passarinho
Voando numa tarde de céu azul e laranja.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Dois Mil e Doze


Tenho saudade de como eu via o mundo, as pessoas, a natureza. Tenho saudade da inocência.
Queria que a vida fosse fácil como a gente ouve por aí. Linda como as belas cores que a gente vê. Prazerosa como a gente já sentiu tantas vezes.
E que em cada braço houvesse um abraço. Em cada olhar houvesse atenção. Em cada boca houvessem palavras doces. E nas pontinhas dos dedos das mãos houvesse afeto.
E que cada respirar fosse como receber a brisa de um domingo ensolarado e azul na praia, à sombra de um coqueiro...
Queria que viver fosse sempre um doce. E que os anos passassem leves como um marshmallow no céu da boca.E que mentir não fosse possível. E que as pessoas se amassem mais. E que o sorrir fosse sempre verdadeiro, mesmo que discreto.
E será!

sábado, 31 de dezembro de 2011

sábado, 17 de dezembro de 2011

Libertação



Na morte surgem cores de lembranças e memórias, num filme a vida passa ao redor de mim. Sentimentos em cor e em carne viva se libertam do corpo e são pura alma, sou agora carne putrefata, pele pálida, lábios roxos. Minhas cores fugiram como num susto. E as mesmas memórias, os mesmos sentimentos, todos os mínimos detalhes do ser em si é o que sufoca e mata, e só assim liberta tanta dor, tanta cor, tanta mágica e imaginação, o amor que é viver e a morte, face à face perante a ciranda de cores e não-cores, como um espelho invertido. Minhas cores fugiram de mim como num susto.


Imagem e ideia de Lucas Magalhães.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Gota d'Água

não precisa ser muito,
basta ser a gota d'água
para escrever um ponto final
no coração de qualquer amor.
e não há querer, não há desejo,
não há amor maior
que essa vontade de solidão.
em minhas veias correm rios
de lágrimas que não chorei;
nas paredes estão estampados
os gritos que sufoquei;
na minha garganta aperta
todo o sofrimento que não sofri...
meu coração bate em disritmia,
não aceita o fim e bate
morrendo de medo de não sermos,
e secretamente,
meu coração são, pulsa em solidão.

Marília e (um tiquinho de) Lue

terça-feira, 2 de agosto de 2011

10 coisas que eu odeio em você



Esse gosto amargo na boca, essas palavras que me vêm. És o que há no meu baú de mais abstrato e concreto. Essência de vida, flor e encanto. Como capturar a leveza do imperceptível bater de asas de um beija-flor.

sobre tudo um pouco


Perfumes trazem as lembranças que embalam meu adormecer. A beleza da rotina é o calor que ainda há na minha cama, o cheiro no meu edredon, o meu cabelo despenteado, os olhos pequenos procurando um porque no amanhecer. É o ensaio de um arrepio na saudade daquele beijo atrás da orelha... É suspirar, respirar fundo e permanecer firme. E na rotina o espelho nos mostra o tempo tão claramente em matéria. E é espelhar o olhar que fica atrás, sem se mover, é movimentar o contrário do que somos, e ao mesmo tempo, ser realidade. Na rotina da paixão há efemeridade; o amor é flutuante, não toca a realidade; já a amizade é sinônimo de lealdade e, diferente da paixão, precisa ser cultivada para existir. Paixão passa, amor acaba, amizade perpetua décadas.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Unsend II


Nunca pensei que alguém pudesse me fazer tão mal como você. Justo você à quem eu entreguei meu sono e meu despertar. Eu já tentei perdoar, já tentei esquecer tanto mal, já tentei de tudo o que fizesse curar o amor. Mas o ódio tomou conta me trazendo só más lembranças, me trazendo tantos rostos que eu não vi, tantos beijos que não beijei, tantas situações que não estive. É muito difícil saber de todas as suas características ruins, mas acredite por que eu sou mais esperta do que você imagina. Só quero agora distância de tudo que me lembre todas as mentiras que vivi e ouvi, sem me dar conta. Estou cansada de você aparecer de vez em quando, estou cansada de você me procurar por interesses próprios, estou cansada de esperar que algo mude, estou cansada de esperar que você se toque, estou cansada, estou cansada mesmo de tudo, estou cansada mesmo de você. Esse seu jeito de nunca saber o que aconteceu, esse seu jeito de fingir que está tudo bem, esse seu jeitinho mesmo. Não quero lembrar das coisas boas, não quero por que não quero e pronto! Quero vida nova, gente que me dê valor e me ame e enfim. Não foi nem a primeira nem a última decepção, mas eu realmente não lembro de outra vez em que alguém me fez tão triste. Não lhe quero bem, nem mal, apenas quero o que você merece.